quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dizem que eu não devia mais querer você!



Decidi com toda a força de vontade do meu pé esquerdo sair dessa nuvem azul em que me afundei depois que você não veio. Penso na sutileza de combater apenas sintomas desse mal de autopiedade: saio da cama pela manhã – há séculos não te escrevia pela manhã. lembra? – e tomo uma atitude em relação à vida que não seja sentar no meio fio reclamando sobre como dói, fisicamente, acordar. Todos os dias de novo e de novo e pra quê? Mas crio forças. É possível controlar a ansiedade. E o tédio? Crio meios. Durmo cedo, me alimento direitinho como mamãe insiste e vovó insiste e papai manda menina come porque senão você fica amarela e magra e sozinha e ninguém quer ser sozinho e os amigos, pra alegrar a menina, compram chocolate da um e noventa e nove e diz que a gente se acostuma, a tudo a gente se acostuma, e nem é tão ruim assim querer e não ter, não poder nem pensar. Sempre tem coisa pior com alguém ali na esquina. Tem sempre alguém pior.

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