"Ela descobriu que precisava dele,e isso a deixava desesperada...
Queria continuar amando-o mas sem precisar tão violentamente dele"
terça-feira, 26 de outubro de 2010
quando de repente se percebe que o melhor de você anda se escondendo por aí, sem paradeiro, sem placa indicativa, sem via alternativa de achar. É ver sonhos escorregarem pelas mãos, sem que saiam belos textos escritos a punho, recheados de palavras túrgidas para sanar qualquer indignação consigo mesmo, e o que não se consegue tranformar em poesia, dói em dobro. É mirar o chão batido e enxergar pedras pontiagudas, prontas para furar-lhe profundamente o pé e toda a sua esperança de caminhar escorrer sangue abaixo. É imaginar que o lado foragido de si, ao invés de se esconder, vaga desorientado por aí, sem o endereço de casa.
Falta tanta coisa na minha janela como uma praia. Falta tanta coisa na memória como o rosto dela. Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana. Sobra tanta falta de paciência que me desespero. Sobram tantas meias-verdades que guardo pra mim mesmo. Sobram tantos medos que nem me protejo mais. Sobra tanto espaço dentro do abraço. Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo.
"Quem foi que me deixou no limite do amor, entre o lar e a morada. Eu estou entre o adeus e a contrapartida. No meio do fio, na corda bamba, é o amor. Entre risos nervosos, tenho os olhos meus sobre os sonhos teus. Deixa o coração ter a mania de insistir em ser feliz. Se o amor é o corte e a cicatriz, pra quê tanto medo, se esse é o nosso jeito de culpar o desejo."
Quem Foi
Marisa Monte
Marisa Monte
Porque ela cansou de ouvir cazuza lhe cantar codinome beija-flor. E talvez o que ela queira mesmo sejam papéis cheios de palavras certas, cheios de cálculos, cheios de certezas, voando desordenados - dançando no vento - sem que ela tenha controle, sem que ela queira ter controle, indomáveis. Talvez o que ela queira seja um gostinho de imprevisibilidade, seja sangue quente correndo nas veias, seja magnetismo, seja carnaval. Talvez o que ela queira mesmo seja sentir aquela velha corrente de ar que beija frio o rosto e invade o corpo até o estômago.
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