quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

    



Não sei da vida de quem passou pela minha e não quis ficar.

Pra ser sincera.

                                
É, eu tô com medo mesmo, porque boto empenho demais nas coisas que não merecem e eu já vi essa história antes, sem finais felizes. Não é isso que eu espero pra mim. E no mais? Adoro quando não me dão um segundo de moral. Adoro.

Sobre você...

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Alguém me perguntou sobre você, o que eu podia dizer? Disse tudo que sentia, disse que você era o sol, que brilha, que ilumina, mas não pertence a um só alguém, disse que era estrela, que a gente olha o céu pra vê-la e ela continua bem ali, disse que tens um perfume que desperta um tal ciúme que nos faz enlouquecer, um beija-flor que nina as flores mas que deixa seus amores muito a desejar. E falei que era uma solidão que desperta um fascínio, mas quando a gente mais quer por perto, se encontra sempre sozinha. Disse que era um relâmpago iluminando uma escuridão, mas que era um perigo pra qualquer coração. Me perdoe se eu falei demais, só disse o que sentia, você é como o bem e o mal que caminham juntos todo dia.

O novo homem é uma coisa de louco!

                              
Nada contra se cuidar - homem de unha suja, cabelo com caspa ou barriga dura de gordura condensada é um nojo. Também não curto cotovelo lixa que, quando roça em mim, faz esfoliação gratuita. Mas essa história de marmanjo bonitinho demais, cuidado demais, malhado demais, barriguinha dura demais, é um saco. Homem, pra ser interessante, tem que ter algo de desleixado, nem que seja o cabelo mal penteado, a camisa ligeiramente amassada, essas coisas. Neguinho que parece viver pendurado num cabide me dá ganas de enfiar uns sopapos naquela cara lisa pra largar a mão de ser fresco. Aqui vai uma homenagem a essa nova raça transgênica, impecavalmente passada, de modos irretocáveis e sapatos de dois mil reais, os metrossexuais.
Metrossexual não tem pêlo nas costas nem na bunda, faz a unha, limpeza de pele e esfoliação. Adora pulôver de cashmere, camisa 100% algodão egípcio e pára mais em frente a vitrines do que cachorro em poste. Passa gel, pomada, modelador e finalizador no cabelo, entende de decoração e acha bárbaro demonstrar sentimentos em público. Metrossexual é sensível, culto, refinado e adora comer uma gostosa.
Tá vendo como não combina?! Não dá pra tirar a sobrancelha e curtir apalpar uns peitos (só no caso das lésbicas). O tal "novo homem" é o desgosto do avô, coitado. O velho vivia na época em que homem que era homem só tomava banho e mandava a mulher cortar as unhas dos pés dele. Agora tem que presenciar o neto com cabelo tingido e a cara descascando depois do peeling. O tal do "novo homem" tá tão veadinho que se bobear, vira a Luciana Gimenez: lindo, sorridente e com tanto QI quanto uma almôndega congelada.
Eu, por princípio, não transo com homem que tenha uma necessaire maior que a minha. Aliás, gosto mesmo é de macho que desconheça completamente qualquer marca de creme anti-rugas, compre revista pornô, ame mortadela, odeie cinema de arte e, de preferência, não entenda picas de vinho - esse sim, passou a vida aprendendo o que existe de mais importante: a traçar direito uma mulher.


Ailin Aleixo
“Sigo à risca. Me descuido e vou… Quebro a cara. Quebro o coração. Tropeço em mim.
Me atolo nos cinco sentidos. Viver não é perigoso? Então, com sua licença!” 


 (Guimarães Rosa)